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Um jardim tropical dentro do Museu???


Quando recebemos aquela ligação, na tarde de uma sexta-feira qualquer de setembro, confesso, ficamos um tanto perplexas. O que? Criar um jardim tropical, de 100m², dentro de um museu, sem qualquer iluminação natural e no prazo máximo de um mês? Mas e a logística? Quais espécies utilizar? Qual a melhor iluminação neste caso? Como trabalhar a drenagem em vista à não danificar o piso do museu? Como evitar a infestação de quaisquer organismos no restante do acervo? E a umidade? Ó, CÉUS!!!! O desafio estava lançado e as informações eram limitadas.

E agora? Aceitamos o desafio? Como lidar com tantos agravantes? Muitas perguntas vieram à nossa cabeça e a principal delas, claro, foi com relação ao conhecimento técnico necessário para lidar com todas aquelas imposições. Um projeto inédito, para o qual não tínhamos experiência, mas que poderia significar um momento de grande aprendizado e crescimento profissional. Nem preciso dizer que aceitamos, é claro.

Nosso briefing aos poucos foi se descortinando... o jardim faria parte da exposição do renomado artista Miguel Rio Branco e deveria remeter à uma construção abandonada, com a vegetação silvestre crescendo entre ruínas, de forma desordenada ou até caótica. A logística estava toda tramada, com data e hora para começar, mas sem projeto, e sem saber ao certo qual seria o layout do local, parece que nosso desafio não seria facilitado.

O Miguel fez questão de participar de todas as etapas, desde a escolha das espécies e seu posicionamento, até a iluminação e acabamentos mais adequados à cada situação. Afinal, deveríamos tentar traduzir tudo o que estava se passando na cabeça dele, enquanto artista, com relação ao espaço e ao sentimento que deveria provocar nos visitantes. Não, não seria um “jardim normal”... além dos desafios técnicos, deveríamos pensar no jardim enquanto obra de arte, cujo projeto ainda estava em construção pelo seu idealizador.

A sala-estufa, de 100m², foi aos poucos ganhando forma. Os troncos, ruinas, rochas e demais estruturas foram posicionadas. A iluminação artificial contou com lâmpadas de vapor de sódio e de vapor metálico, ideais para o crescimento das plantas indoor. Foram instalados umidificadores e circuladores, para garantir uma umidade e ventilação adequadas. O piso foi impermeabilizado e pôde, então, receber as camadas drenantes e o substrato especial. Tudo preparado para, finalmente, a chegada das plantas.

Mas.... quais plantas mesmo? Teríamos de escolher as mais rústicas, de mais rápido crescimento e de fácil adaptação aos mais diversos ambientes. A preocupação em utilizar as espécies nativas, um dos nossos objetivos costumeiros, não fazia tanto sentido aqui... já que em uma construção abandonada sempre encontramos uma miríade de nativas e outras tantas exóticas plantadas ou mesmo espontâneas no nosso ecossistema tropical. Deveríamos ser fiéis ao nosso briefing. Então, eis as eleitas: filodendros, mosnteras, bromélias, capins variados, singônio, agave, palmeira camedórea, areca, pleomele, aspargo, clúsia, alpínea, cheflera, musgos e outras tantas samambaias.

Finalmente tudo pronto para o grande momento, a abertura no dia três de outubro. Festa ótima, cheia de grandes nomes do panorama da atual arte brasileira e tantos outros admiradores e entusiastas. O jardim-instalação estava lindo e recebendo muitos elogios.

Após um pequeno período de adaptação inicial, ficamos surpresas com o que aconteceu. O jardim foi ganhando forma, crescendo de forma exponencial, muito mais rápido do que poderíamos sonhar/imaginar. Foi muito gratificante ver todos os nossos medos indo embora, nossas angustias sendo dissolvidas a cada semana, enquanto descobríamos uma brotação nova, inúmeras folhinhas verdes ou uma florada exuberante daquela espécie tão singular. Com certeza podemos dizer hoje que esse foi um desafio que valeu a pena! Mais uma experiência para a conta da EKOA, uma empresa jovem, mas com tantos planos e sonhos para o futuro quanto aquelas lindas plantinhas que crescerem ali, dentro do museu, contrariando as mais diversas expectativas. Vida longa à EKOA e um 2016 assim, cheio de novos desafios à todos!

P.S.1: Um agradecimento especial à Ana e Paula, da curadoria do Museu de Arte Moderna (MAM); ao artista Miguel Rio Branco, por ter acreditado no nosso trabalho; ao Maurício e sua equipe, da Madeeeira, por ter tornado o espaço possível; ao jardineiro César, por ter abraçado esse sonho conosco e ao Zé, da manutenção do museu, por ter cuidado das plantas com tanto carinho ao longo desses meses.

P.S.2: ficou curioso? Então corre que a exposição fica em cartaz até dia 10 de fevereiro! abraços verdejantes!


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