Formação do paisagista na Europa
Após 10 anos da minha formação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), durante os quais atuei na área de manutenção de jardins e realizei projetos de paisagismo em parceria com profissionais incríveis (especialmente minha querida sócia Bianca), senti a necessidade de ampliar os horizontes e conhecer mais sobre o paisagismo ao redor do mundo.
Me inscrevi e fui aceita no mestrado em Arquitetura Paisagista pela Universidade do Porto, em Portugal. Estou aqui há quase um ano e gostaria de compartilhar ao longo das postagens, aqui no Blog da Ekoa, algumas percepções que estão ampliando e evoluindo o meu olhar sobre a nossa profissão e, claro, sobre a paisagem.
A primeira percepção que me chamou a atenção foi a formação completa que é oferecida aos alunos de graduação em Arquitetura Paisagista, oferecida aqui em Portugal e em vários outros países desde a década de 30. No caso da Universidade do Porto, esta graduação é derivada do curso de Agronomia, e possui raízes profundas nos preceitos ecológicos de preservação e valorização dos recursos e paisagens naturais.
Os estudantes recebem uma base sólida de conhecimentos sobre os biomas portugueses, tipologias e usos do solo, topografia, manutenção e implantação de jardins, gestão de áreas verdes, legislação relacionada aos ambientes naturais e muito mais. De forma complementar, recebem uma bagagem fundamental à Arquitetura Paisagista, como planejamento em diversas escalas, desenvolvimento de projetos e todas as suas etapas/detalhamentos, legislação nacional e a nível europeu relacionadas ao ordenamento do território, conhecimento dos diversos softwares utilizados, entre outros.
Vale destacar que, mesmo existindo uma graduação em Arquitetura Paisagista, dificilmente um profissional será especializado em tudo! Por isso, os melhores projetos de paisagismo são desenvolvidos por equipes interdisciplinares, onde cada profissional dá sua contribuição para um projeto mais assertivo e completo, envolvendo as esferas social, geográfica e ambiental.
No Brasil, ainda não temos uma graduação em Arquitetura Paisagista que ofereça o conhecimento completo necessário para nossa atuação (aliás, nem reconhecida nossa profissão é ainda!). Cada profissional vai descobrindo ao longo de seu caminho as suas deficiências, buscando complementar seu conhecimento em cursos de pós-graduação, livres ou técnicos. O importante mesmo é nunca deixar de estudar, buscando sempre o aprimoramento!
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